Estudantes do Mestrado e Doutorado em Ensino de Ciências realizam aula de campo na Aldeia Brejão
Entre os dias 03 e 04 de outubro, estudantes da disciplina Relações Ambientais, Saberes Territoriais e Interculturalidade, do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências realizaram uma aula de campo na Aldeia Brejão, comunidade indígena da etnia Terena localizada no município de Nioaque–MS. O grupo foi acompanhado pelas responsáveis pela disciplina, as professoras Maria Helena de Andrade e Patrícia Zaczuk Bassinello.
A disciplina, complementada pela aula de campo objetivou aprofundar a compreensão dos pós-graduandos sobre os estudos da Educação Ambiental a partir de uma perspectiva das relações interculturais, ancestrais e territoriais de grupos culturais não hegemônicos, evidenciando e reconhecendo o diálogo de seres e saberes, da sinergia da diversidade e da alteridade, numa política da diferença. Ainda, identificar e promover discussão sobre os conhecimentos ancestrais relacionados à sustentabilidade e à convivência harmônica com a natureza.
Na Aldeia, foram realizadas diversas atividades de imersão cultural, momentos de escuta e atenção nas diversas atividades realizadas, dentre elas: visitas in loco aos espaços constituídos de memória e resgate cultural; diálogo com a comunidade e lideranças por meio de rodas de conversas com anciões; coleta de dados acerca das características paisagísticas, históricas, culturais, espirituais e os conflitos atuais enfrentados pela comunidade.
A professora Patrícia afirma que essa vivência permitiu aproximar os mestrandos e doutorandos de algumas práticas culturais e saberes indígenas, acerca das potencialidades e desafios dos territórios e territorialidades de comunidades tradicionais para o diálogo intercultural no ensino de Ciências.
Para o doutorando Luiz Henrique Ortelhado Valverde, que pesquisa uma Educação Ambiental profunda, a experiência de vivenciar um contato próximo aos saberes tradicionais o fez refletir sobre a sua vida na sociedade atual: “Tenho percebido que não há mais como falar ou fazer ciência sem a presença das cosmovisões ancestrais, sobretudo indígena, dos seus modos de vida, da sua relação sagrada com seu território, com a natureza e o espírito de coletividade do qual nós, não indígenas deixamos de fruir”.
A doutoranda Lucimara Nascimento da Silva complementa: “Essa vivência me proporcionou um profundo respeito pela diversidade cultural e me fez refletir sobre o meu papel como pesquisadora e cidadã. A experiência na aldeia me inspirou a aprofundar meus estudos e a buscar formas de contribuir para a valorização de suas culturas”.
A intenção agora é estreitar vínculos com a comunidade em pesquisas futuras, uma vez que seus ensinamentos permeiam a perspectiva de uma Educação Ambiental crítica e transformadora, podem confluir com a academia, rompendo com o paradigma cartesiano e racionalista da ciência vigente.
Texto por: Luiz Henrique Ortelhado Valverde